sábado, 12 de setembro de 2009

Aulas mágicas

http://www.universia.com.br/docente/materia.jsp?materia=14315

É possível fazer de sua aula a número 1. Aprenda com os mestres!

Mesmo já familiarizado com a Internet no seu dia-a-dia, Marco Antônio Mendes, aluno de Comunicação Social da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina), só despertou para os benefícios que as ferramentas tecnológicas poderiam trazer para sua carreira quando seu professor propôs a utilização do podcast em sala de aula. "Sabia o que era um podcast, mas nunca tinha pensado em utilizá-lo como ferramenta de trabalho. Agora, sei que com ele meu trabalho não ficará apenas na sala de aula, mas poderá ser visto por muita gente", diz.

Mendes, que hoje ajuda o professor Rafael Matos a expor o trabalho dos alunos em um site (www.rafaelmatos.tk) vê essa interação como um benefício principalmente do ponto de vista profissional, já que os trabalhos podem acabar virando portfólio. "A divulgação dos trabalhos é uma das principais vantagens que a Internet proporcionou. Sem contar que as aulas em que os professores fazem uso dessas ferramentas ficam menos maçantes, e, portanto, muito mais proveitosas."



Pergunte a dez professores o que os deixa mais frustrados em sala de aula e pelo menos nove irão garantir: não há sensação pior para o docente do que, no meio da aula, pegar um aluno cochilando enquanto metade da turma decide ignorar sua presença e bater papo sobre o último capítulo da novela das oito.

Hoje em dia, com a sala de aula composta por uma geração de "nativos digitais" e uma maior cobrança das universidades sobre o rendimento do professor, muitos vivem o dilema: como tornar as aulas mais interessantes e dinâmicas sem perder o foco nas informações?

É claro que a tradicional falta de paciência dos universitários atrapalha, dá asas para os devaneios em classe, mas é importante lembrar que eles também podem surgir quando o professor está desestimulado. E, cá entre nós, professor desestimulado é sinônimo de aula chata. Segundo especialistas, embora não haja fórmula mágica para trazer os alunos "de volta para o corpo" em sala de aula, com uma pequena mudança de postura o professor pode transformar sua disciplina em uma aula de sucesso.

Autor de diveros livros sobre ensino e aprendizagem, o especialista em educação e professor aposentado da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Celso Antunes, destaca que o bom professor não é aquele que tem um único método revolucionário para ensinar, mas aquele que, além de dominar diferentes técnicas de ensino, sabe adequá-las ao tipo de público e disciplina a qual está ministrando.

"Se você perguntar a uma pessoa qual ferramenta é mais útil, o machado ou o martelo, provavelmente a resposta dela será que depende do serviço que se quer fazer. A ferramenta essencial do professor é a aula, o importante para que ele chame a atenção dos alunos, é utilizar a ferramenta mais adequada", explica. Em síntese, cabe ao professor investigar qual método de ensino serve para transformar a informação em conhecimento. Tarefa que deve ser constante e mutável, de acordo com o perfil da turma, dos alunos e do ambiente ao qual estão inseridos.

O discurso é até repetitivo, afinal, todo docente sabe que, mais do que qualquer outra, a profissão de professor exige muito estudo, atualização e, sobretudo, dedicação para fazer do método de ensino uma ferramenta eficiente. Mas, no universo da docência, não é novidade nenhuma conhecer professores que utilizam a mesma apostila (amarelada até) para dar aula. Além, é claro, daqueles que mudam de assunto quando o tema é atualização. Fugir do tema, porém, é prolongar o problema. A ordem é buscar uma solução.

Professor high-tech

Superar este desafio foi o que motivou o professor de Comunicação Social da Unisul (Universidade do Sul de Santa Catarina) Rafael Matos a utilizar a tecnologia para criar aulas envolventes e que agregassem, além de conhecimento, vivência prática aos alunos. Com o auxílio de ferramentas como o podcast, o you tube e o my spaces, tradicionalmente utilizadas para o entretenimento, o professor high-tech passou a incentivar os alunos não só a aprimorar seu aprendizado, como a fazer das ferramentas instrumentos de divulgação de seus trabalhos.

No entanto, quem pensa que só porque o professor estava habituado a utilizar a tecnologia ele teve facilidade com a turma está enganado. Foi preciso "suar a camisa" para fazer o método funcionar. A primeira tentativa de Matos contemplou o uso de blogs, mas a ferramenta utilizada com sucesso por alguns professores, com ele, não funcionou. "Os alunos dificilmente liam o que eu escrevia e pouco comentavam", lembra.

Já o uso do podcast em seminários e em outras atividades não só favoreceu a interação dos alunos como melhorou a qualidade dos trabalhos. "Os podcasts podem servir de alavanca profissional, dependendo do modo como são utilizados. Isso despertou a atenção dos alunos. Além disso, ele propiciou uma interação durante a elaboração do trabalho fundamental para fixar o que foi aprendido em aula", explica.

Em seu caso, o professor considera que a maior dificuldade de propor o uso de um novo método em sala não foi o aprendizado dos alunos, uma vez que os jovens estão habituados à tecnologia, mas em vencer a resistência de aplicar um método diferenciado. "A dificuldade foi provar que, além do entretenimento, a tecnologia podia ajudá-los como uma forma construtiva de aprendizado e de exposição de seus trabalhos."

Ainda assim, a experiência valeu a pena, especialmente quando os estudantes despertaram para o novo mundo que o professor propôs em sala de aula. Confira, no quadro nesta página, a experiência de um dos alunos de Matos que não só passou a usar a tecnologia para seu desenvolvimento como estudante, mas como profissional, criando uma espécie de portfólio virtual.

Além da tecnologia

Engana-se quem pensa que só o uso de tecnologias permite uma revolução do aprendizado em sala de aula. A interação, a troca de informações e as dinâmicas vivenciadas fora do ambiente universitário também estimulam e promovem mudanças no aprendizado. O professor de Artes Visuais da Unesp (Universidade Estadual Paulista), Percival Tirapeli, vivenciou isso ainda na graduação e, hoje, colhe os frutos de ter passado adiante o método de ensino que o fez ter mais admiração e empenho ao exercer a arte de ensinar.

Longe da cultura "livresca", Percival incentiva seus alunos a irem a campo atrás de experiências práticas e pertinentes dentro de seu campo de estudo. Algo que ele considera fundamental para o estudante de Artes. "Incentivo meus alunos a criarem suas próprias críticas baseados no aprendizado que vivenciaram, em vez de apenas ler e reproduzir a crítica dos outros." A idéia, segundo ele, é de que os alunos possam ter acesso à arte que está muito além do que pode ser visto em sala de aula.

Para Tirapeli, não há dúvida de que aulas práticas são muito proveitosas. "Saber se portar diante de uma obra é uma coisa que na disciplina de Artes, por exemplo, conta muito para o aluno. É o tipo de exercício que não dá pra fazer dentro da sala de aula", reforça. Por esta razão é muito comum que, em dia de aula, os alunos de Tirapeli visitem museus, centros culturais, exposições, etc. (Enquanto concedia a entrevista ao Universia, o professor e sua turma visitavam a Pinacoteca de São Paulo).

Para o professor, os resultados deste trabalho têm sido bastante recompensadores, já que muitos alunos acabam utilizando o que aprenderam em suas aulas como teses de mestrado ou até mesmo nas aulas em que atuam como monitores. "O dinamismo motiva meus alunos e sei que a repercussão é positiva", comemora.

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