segunda-feira, 6 de julho de 2009

Quais são os atrativos na carreira de juiz de futebol?

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Fonte: Justiça Desportiva.com.brPublicidade

Mamãe, quero ser árbitro!

O que leva uma pessoa a querer seguir a carreira de juiz de futebol?

Final de campeonato, estádio lotado, ele chega ao vestiário, coloca o uniforme, calça as chuteiras, sobe as escadas em direção ao campo e assim que pisa no gramado leva vaias das duas torcidas.

Este é um fato rotineiro na vida dos árbitros de futebol, que, assim como os atletas, os treinadores e os torcedores fazem parte do maior espetáculo da Terra. Mesmo xingados, hostilizados por todos os amantes do esporte, existem cada vez mais pessoas se preparando para serem juízes. Por isso, o site Justicadesportiva.com.br conversou com árbitros e psicólogos esportivos para tentar descobrir o que leva uma pessoa a ser juiz de futebol.

Segundo o psicólogo esportivo Paulo Ribeiro, ao contrário do que muitos pensam, as pessoas não procuram esta profissão por serem jogadores de futebol frustrados, que quiseram entrar em campo de alguma forma. Para ele, uma pessoa resolve ser árbitro principalmente por causa da sensação de autoridade que a profissão oferece.

“Não acredito que o árbitro seja um esportista frustrado que resolveu ser juiz. Acredito que cada um escolhe uma profissão que mais se encaixa com o seu perfil e a de ser árbitro não é diferente. Acredito ainda que o fato da autoridade é muito levado em conta e seduz algumas pessoas. Eles são vaiados por todo mundo, mas sabem que isso faz parte da rotina deles. Às vezes as pessoas esquecem que quando um árbitro marca alguma coisa contra um dos times, a torcida contraria sempre o aplaude. É uma profissão como outra qualquer. Outro fator que pode seduzir é estar em campo com os jogadores e saber que vai ser ele que decidirá os lances importantes do jogo”, explicou Paulo Ribeiro, psicólogo do Flamengo.

O árbitro Wagner Tardelli contou o que o levou a ser juiz de futebol e afirmou que muitos falam que sempre tiveram vocação e tudo mais, mas, na maioria das vezes, as pessoas querem ser árbitros para poder aumentar a renda mensal.

”Cerca de 70% dos árbitros vão responder que atuava nos campos de peladas e as pessoas diziam que ele tinha potencial para atuar e que deveria fazer o curso, mas isso não é verdade. Você procura ser árbitro ou para melhorar seu rendimento mensal ou porque você está fazendo educação física, que foi o meu caso. Eu fazia educação física na época e vi no jornal o curso para árbitro”, contou o árbitro.

Na opinião do experiente árbitro, que irá pendurar o apito ao final desta temporada, as pessoas não nascem com vocação para ser juiz. "Ninguém nasce árbitro. Nasce jogador por técnica, mas árbitro não está lá. Deus quando criou o dom de cada um não falou: ‘esse vai ter o dom de ser árbitro’. A pessoa nasce com o dom da técnica do drible, do chute, mas eu acho que Deus não lembrou do árbitro”, disse Tardelli em tom de brincadeira.

Com 21 anos de carreira, Tardelli passou a ser conhecido nas ruas e contou que hoje em dia dá conselhos as crianças que o param na rua, ou na porta dos estádios, perguntando como se faz para ser juiz de futebol.

"Alguns meninos de 16, 17 anos, quando saem dos estádios, por e-mail, até por e-mail pessoal, avisam que gostariam de fazer o curso, há um interesse natural, até mesmo das meninas, em função da Ana Paula (bandeirinha) que apareceu, mas depois preferiu um trabalho mais artístico. Se a menina for bonita, vai ficar alguns anos aparecendo na televisão, trabalhar em alguns jogos de apelo e, com certeza, vem uma revista para levá-la ela para o outro lado”, comentou Tardelli.

Além da oportunidade, para as mulheres, em conseguir seguir uma carreira de modelo após a profissão, surgiu há alguns anos a figura do comentarista de arbitragem, que abriu uma nova frente para os ex-árbitros. O pioneiro foi Arnaldo César Coelho, que virou comentarista de arbitragem e abriu um novo mercado para os juízes aposentados.

”Comentarista de arbitragem no rádio existia há muitos anos, mas na televisão eu acabei sendo o pioneiro. Hoje em dia, todos os canais de televisão têm os seus, o que é bom para as pessoas conhecerem as regras do futebol, que era ignorada antigamente e logicamente é um novo mercado para os árbitros”, declarou Arnaldo César Coelho.

Poucas pessoas sabem, mas não é qualquer um que pode pegar um apito, dois cartões e sair comandando os jogos por aí. Existem cursos especializados, realizados pelas federações de futebol, para tornar uma pessoa apta a apitar as partidas oficiais. No Rio de Janeiro, a Escola de Arbitragem do Estado, a Eaferj, oferece um curso oficial para quem sonha em seguir nesta profissão. Basta você ter nascido entre 1984 e 1993, ter mais de 1,60cm, não ser portador de nenhuma deficiência física que impossibilite a pratica da função de árbitro, ter o ensino médio, ou equivalente, completo e estar disposto a desembolsar R$ 4.600 mil, valor do curso.

por Nathan de Lima e Raphael Petersen

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