sábado, 2 de janeiro de 2010

Novo aparelho de surdez é invisível


CLÁUDIA COLLUCCI
da Folha de S.Paulo

Os aparelhos de surdez visíveis podem estar com os dias contados.

Um novo sistema totalmente implantável está sendo testado no Hospital das Clínicas de São Paulo.

Sete pacientes já passaram pela cirurgia, ainda experimental no Brasil.

O equipamento só é indicado para pessoas com perda auditiva moderada ou severa.

É colocado através de um corte atrás da orelha e fica totalmente imperceptível. O aparelho promete mais qualidade sonora.

Segundo o otorrinolaringologista Ricardo Ferreira Bento, professor da Faculdade de Medicina da USP e responsável pelas primeiras cirurgias no país, ele permite uma distinção mais eficiente dos diversos ruídos que ocorrem ao mesmo tempo.

"O som é muito mais natural do que no aparelho eletrônico comum. E a pessoa fica 24 horas com o aparelho ligado. Não precisa tirá-lo para dormir, para tomar banho ou para fazer esporte, como acontece com o aparelho comum", afirma.

Outra vantagem é que a bateria do implante dura de sete a dez anos (é trocada com uma nova cirurgia, mais simples). A dos aparelhos eletrônicos atuais dura, no máximo, 15 dias.

"Esse é o primeiro passo para o futuro.

Em 20 anos, ninguém mais vai andar com aparelho pendurado no ouvido."

O implante pode ser ajustado por controle remoto. A pessoa pode aumentar ou diminuir o volume, ligar e desligar. Também tem programas que se ajustam automaticamente em locais ruidosos ou silenciosos.

Por enquanto, o implante é vendido a US$ 18 mil apenas na Europa. Nos EUA, a FDA (agência americana que regula fármacos e equipamentos) ainda não o aprovou. Espera mais testes de segurança, especialmente se houver a necessidade de reverter a cirurgia.

Segundo a médica Mariana Hausen, representante da Câmara Técnica de Implantes da AMB (Associação Médica Brasileira) na área de otorrinolaringologia, durante a cirurgia é feito um corte em um dos ossículos do ouvido, a bigorna.

"A FDA quer saber, por exemplo, se esse osso pode ser reconstituído se houver uma falha e o aparelho tiver que ser retirado", explica.

Das 300 cirurgias feitas até agora, apenas três foram revertidas, com a reconstrução da bigorna-todas com sucesso, segundo Hausen. "A FDA ainda considera esse número pequeno. Mas acontece que a reconstrução só pode ser feita se houver falha. E o índice de falhas foi pequeno. Não se pode quebrar a bigorna de alguém que escuta e reconstrui-la só para teste."

No Brasil, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) deve avaliá-lo a partir de fevereiro de 2010, quando termina o estudo clínico realizado USP. O trabalho é financiado pela empresa Envoy Medical, fabricante do implante.

Na opinião de Hausen, dificilmente o SUS ou os convênios médicos brasileiros irão custear o aparelho em razão do alto custo e do fato de existirem alternativas mais baratas.

"Ele é uma nova opção, mas não é o único tratamento. Oferece mais qualidade de som e resolve a questão estética. Muitas pessoas, especialmente as mais jovens, relatam preferir não escutar direito a ter que usar os aparelhos externos."

A Insound Medical está lançando um aparelho auditivo que é algo entre os aparelhos normais "intra-canal" e os implantes.

O "Lyric hearing aid" como vem sendo chamado se trata de um pequeno aparelho que é posicionado à apenas alguns milímetros de distância do tímpano.

Isso, segundo a empresa, não só proporciona um "ouvir" mais natural, pois os sons não precisam ser tão amplificados como no caso dos aparelhos convencionais, mas permite que a pessoa possa usá-lo 24h por dia.

É claro que o tamanho reduzido, e o lugar onde ele fica também têm seus problemas, mas a empresa parece ter pensado em tudo.

O revestimento do aparelho é de um material esponjoso, que permite que umidade passe, evitando infecções. Para remover o pequeno aparelho, a empresa usa um imã.
Infelizmente, mesmo pequeno, o aparelho é ainda grande demais para os ouvidos de aproximadamente 50% dos potenciais usuários, mas a Insound Medical garante estar trabalhando em um modelo que atenderá a 85% dos casos.



Uma coisa interessante, é que a empresa não vende os aparelhos, eles custam entre 2900 e 3600 dólares de aluguél por ano (pros dois ouvidos), incluindo troca de aparelhos quando a bateria (que não é removível) acaba.
Via Engadget

Um comentário:

Anônimo disse...

Por favor, você sabe se o Lyric já está sendo comercializado no Brasil? Como posso ter acesso a informações detalhadas sobre ele?