A reabilitação pelo esporte
Durante a recuperação física, o esporte assume papel de inclusão e de transformação. Esta fase pode ser o ponto de partida para a vida de um paratleta
18/12/2012 12:11 - Atualizado em 18/12/2012 13:55
Por Natália da Luz
Niterói - Rio de Janeiro
Niterói - Rio de Janeiro

No mundo inteiro, o esporte é uma ferramenta que possui muitas funções e que se manifesta em diferentes áreas com a mesma eficácia, ultrapassando barreiras sociais e físicas. Na Andef (Associação Niteroiense de Deficientes Físicos), ele assume essa missão para incluir, ainda no processo de reabilitação, as pessoas com deficiência.
- Fazemos uma avaliação inicial para saber como está a parte física e a psicológica do paciente. Aqui, temos a educação e a saúde envolvidas no tratamento, mas sabemos que o esporte é um dos pilares importantíssimos – conta Douglas Amador, gestor de esportes da instituição, em entrevista ao ahe!, completando que, durante o tratamento, a família também é atendida.
Em dia com a parte médica, na qual a fisioterapia representa papel imprescindível, as pessoas com deficiência circulam com agilidade, sem o marasmo de quem empurra a vida. O total de usuários da Andef está assim distribuído: 2.195 na reabilitação (entre pessoas com e sem deficiência), 3.552 em cursos profissionalizantes e 1.228 nos esportes. Eles dançam, aprendem idiomas, fazem artesanato e descobrem habilidades nos esportes, capazes de transformar a sua própria vida e de orgulhar um pais inteiro.
A área de 26 mil metros quadrados tem espaço de sobra para a prática de 13 modalidades (como natação, atletismo, basquete e rúgbi), mas nem todas são indicadas para todos os pacientes. A sugestão é feita de acordo com a deficiência e com a probabilidade de sucesso, como explica Douglas.

A princípio, os pacientes fazem aulas em turmas convencionais, que trabalham com uma inclusão bem autêntica. É muito comum, por exemplo, pessoas sem deficiência nadarem em turmas de alunos com deficiência. Essa interação é chamada de turma mista. Só depois da escolha do esporte, os futuros atletas deixam essas turmas e passam para o treinamento de alta performance.
- Em equipes de alta performance, os futuros atletas passam por um período sacrificante. Eles treinam até 12 horas por dia, e isso faz com o que eles tomem gosto pelo esporte e pela rotina – brinca o ex-atleta que treinava seis horas por dia ( seis vezes por semana), enquanto disputava provas de atletismo.
Para ele, o treinamento de um atleta paralímpico é uma vida que requer disciplina. Um ponto a ser destacado é a exigência de estar 100% para integrar uma seleção, já que o filtro também é muitogrande. Para superar esse lado árduo de se tornar atleta, a inspiração nos ídolosproporciona uma boa dose de energia.
Inspiração na escolha pelo esporte

- O Clodoaldo é um exemplo de pessoa, de garra. Eu fiquei encantada quando o vi no Parapan, em 2007. Depois que fui treinar na Andef, dei-me conta de que ele estaria lá. Ele me ajudou muito nos treinos. Para mim, estar perto do Clodoaldo é uma honra - conta ao ahe! a paratleta que treina três vezes por semana na piscina e mais três na academia - com exercícios de fortalecimento e prevenção de lesões.
Taiana praticou natação quando pequena, mas só retornou ao esporte - na versão paralímpica - após a amputação de uma perna em decorrência de um câncer. A redescoberta teve como auge o Parapan 2007. Três anos depois, ela, além de usar a modalidade na reabilitação, passou a treinar pesado na Andef e a competir conquistando medalhas.

Apenas na última Paralimpíada Escolar, realizada no mês de outubro em São Paulo, a instituição levou 34 atletas e conquistou 37 medalhas. Dentre essas, cinco foram de Taiana, que comemorou o seu melhor resultado como atleta.
- Participar da Paralimpíada foi incrível. Eu tive os melhores índices da minha vida. Na volta, fui homenageada em minha escola e fiquei muito feliz. Dentre tantos alunos, eu era a única representante paralímpica - destaca a jovem, que vive em São Gonçalo e estuda no Pedro II, em Niterói.
Ela é, sem dúvida, uma transmissora do universo paralímpico entre os colegas. O melhor é que Taiana não leva apenas informações sobre o paradesporto e sobre o cotidiano de quem vive com deficiência, mas a garra, a força e, principalmente, a paixão pelo esporte.
- Os colegas estão sempre perguntando sobre o treinamento, o cotidiano. Eles veem que a pessoa com deficiência não precisa ficar em casa, parada. Eles veem que tem um mundo de conquistas para eles - completa a atleta, que faz planos para as competições de 2013 e já enxerga 2016 com o desejo de subir ao lugar mais alto do pódio.
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