quarta-feira, 9 de setembro de 2015

Apesar de Jogos, Rio não acolhe bem todos os seus astros paralímpicos


Embora a Arena do Futuro, uma das instalações do Parque Olímpico que vai receber partidas durante os Jogos Olímpicos e Paralímpicos do ano que vem, não seja uma construção permanente para o Rio de Janeiro, os atletas do goalball esperam que a realização do evento signifique um grande avanço na modalidade.
Atletas paralímpicos fazem uma exibição de goalball na Arena do Futuro (Foto: Alba Valéria Mendonça/ G1)
É o caso de Alex de Melo (classe B2), campeão mundial na Finlândia, em 2014, e no Parapan de Toronto (CAN), neste ano. Ele tem baixa visão, causada por estrabismo e por um problema no nervo óptico. As razões até hoje são desconhecidas.
Filho de um porteiro e de uma diarista, o jovem de 20 anos precisou deixar o Rio, sua cidade natal, rumo a São Paulo, para encontrar condições de se manter no esporte de alto rendimento. Desde janeiro, ele treina no Sesi. O clube oferece academia e uma ajuda de custo.
– Eu tinha de sair de Nova Iguaçu e ir para a Urca (na Zona Sul). Ficava mais de duas horas no trânsito. Por mim, eu teria ficado na minha cidade. Mas o que pegou foram as condições de treino – contou o atleta, ao LANCE!.
O camisa 2 da Seleção Brasileira acompanha o embalo da modalidade. Graças às recentes conquistas, ele passará a recber a Bolsa Atleta, programa do Ministério do Esporte, a partir do ano que vem. Os valores chegam a R$ 3.100 por mês.
Fora isso, Alex tem apoio da Caixa Loterias, patrocinadora da equipe brasileira, do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB) e da Confederação Brasileira de Deficientes Visuais (CBDV). Uma mudança significativa para quem chegou a “caçar” quadras na cidade olímpica e, supostamente, paralímpica.
– No Rio, existe uma instituição que oferece a prática, mas há clubes em que nós temos de ficar caçando quadra por aí. É bem difícil. Tem de ser na luta, na raça. Creio que com os Jogos tudo vai melhorar.
Após os Jogos, a Arena do Futuro será transformada em quatro escolas municipais, cada uma com capacidade para 500 alunos. A ideia é aproveitar os materiais da constução olímpica, como rampas, banheiros e o piso retrátil.
A obra, que tem recursos do governo federal e execução da Prefeitura, custou R$ 121,1 milhões.
BATE-BOLA
Alex de Melo
Atleta do goalball, ao LANCE!
‘Ainda falta mais acessibilidade no Rio para os cegos e cadeirantes’
Você está acompanhando um grande momento do goalball. Como tem sido esse momento? 
É uma felicidade grande. Sonhamos muito. Quando chegamos aos títulos, como um Mundial e um Parapan, não dá nem para explicar a sensação.
O Rio vem passando por ajustes para os Jogos. Como as avalia? 
As obras gerais acho que vão ajudar, como o BRT Transbrasil. Só ali eu já notei que o trânsito melhorou muito. Mas ainda falta um pouco mais de acessibilidade. Onde eu estudava tinha assistência para os cegos, mas no resto da cidade há muito pouca, assim como para os cadeirantes.
Como você chegou ao esporte? 
Minha mãe queria que eu ficasse no atletismo, que pratiquei em Nova Iguaçu, onde minha família mora. Mas quando conheci o goalball, no Instituto Benjamin Constant, em 2009, pelos amigos, gostei mais.
O que mais gosta no goalball? 
É um esporte dinâmico. De qualquer arremesso pode sair um gol. É preciso ficar ligado o tempo todo.
Quem é ele
Alex de Melo Sousa
Nascimento: 10/12/1994 - Rio de Janeiro (RJ)
Peso: 81 kg
Altura: 1,84 m
Classe funcional: B2 (visão parcial)
Principais conquistas: Campeão no Mundial da IBSA na Finlândia, em 2014, Campeão dos Jogos Parapan-Americanos de Toronto (CAN), em 2015.

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