quarta-feira, 19 de setembro de 2012

U S P - EACH tem projetos para atletas paraolímpicos por Daniela Frabasile Programa leva opção de treinamento à Zona Leste, mas, com ginásio fechado, só o tênis de mesa e bocha treinam no campus Ivanildo (dir.) participou de duas paraolimpíadas, em Atenas e Pequim (foto: Daniela Frabasile) O projeto de extensão da Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) da USP é voltado para a prática de esportes por deficientes físicos. O projeto já existe há quase três anos, e para Soraia Alvarenga, atleta e gestora do tênis de mesa, a localização é muito importante, “meu sonho era fazer uma inclusão na zona leste, por que aqui você não tem nada quase, o foco sempre é Ibirapuera ou Jabaquara”, afirma a atleta. Segundo a gestora do esporte, a maioria dos atletas que treinam na USP moram perto do campus, e além disso, são muitas as formas de acesso: “Nem o próprio Centro Do Tênis de Mesa do estado de São Paulo é tão bom quanto o da USP na questão da acessibilidade, não apenas para os deficientes, mas pela facilidade de chegar mesmo, com uma estação da CPTM dentro do campus e várias linhas de ônibus”, explica Soraia. Ivanildo Pessoa de Freitas também participa do projeto desde o começo. O atleta já praticava o esporte antes, mas segundo ele, “quando a Soraia começou esse projeto, ela me convidou para participar, ajudar a tocar o projeto. E eu achei interessante vir pra cá e começar uma coisa nova”. Ivanildo já participou de duas paraolimpíadas, em Atenas e Pequim, de dois campeonatos mundiais e foi para a final do Para-Pan no México, quando perdeu sua vaga para as olimpíadas de Londres. Atualmente, 15 atletas estão vinculados ao projeto, e 6 treinam regularmente no campus da USP. Segundo a gestora, “no ano passado tínhamos mais pessoas treinando, mas hoje as coisas estão mais organizadas. Nesse ano os números são menores, mas temos mais qualidade”. No final do mês, os atletas vão para a Argentina para participar de um campeonato, e no início de julho vão para Maceió competir na Copa Brasil. Para Soraia, o projeto “é de extensão e qualidade de vida para a comunidade, mas o foco – para mim, como atleta e como gestora do esporte – é o alto rendimento”. Lucas Junqueira, que começou a treinar no começo do ano passado, também participa de várias competições: “A Copa Brasil tem várias etapas, no ano passado só participei de duas, mas nesse ano estou participando de todas”, conta o atleta. Na USP, também treinam atletas de base, como é o caso de Victor Bernardo Cardillo, que com 16 anos já participou da Copa Brasil e do Brasileirão e irá competir nas paraolimpíadas escolares. O atleta procurou o projeto da EACH pela estrutura física do campus e pela facilidade de acesso. Ginásio interditado Em 19 de abril de 2012, a Diretoria da EACH recebeu um ofício da Superintendência de Espaço Físico da USP (SEF) pedindo o fechamento do Ginásio Esportivo da USP-Leste. Segundo a assessoria de imprensa da EACH, a SEF tem recebido da escola uma série de pedidos de ajustes e reformas necessários para que o Ginásio possa permanecer em uso. Desde abril, os treinos são na biblioteca da EACH (foto: Daniela Frabasile) Com isso, os treinos de tênis de mesa e bocha passaram a ser feitos no espaço da biblioteca da EACH, mas os treinos de outros esportes, como o gol bol e o basquete, estão fora da USP, pelo fato de o campus não ter outro local apropriado. Ivanildo afirma que o campus é muito bom para treinar, “melhor ainda quando era no ginásio”, acrescenta. O fato de ser um local similar ao das competições faz com que o atleta se acostume, segundo ele. “A velocidade de bola muda muito dependendo de você estar em uma sala pequena ou em um espaço maior, como um ginásio. Às vezes o atleta treina em um local muito pequeno, mas como na competição é diferente, o rendimento cai”. Segundo Soraia, que faz parte do Comitê Paraolímpico Brasileiro, as paraolimpíadas poderiam acontecer no campus da USP, se o ginásio não estivesse interditado. Por outro lado, “o bom de treinar no espaço da biblioteca é que temos mais visibilidade, antes ninguém sabia que a gente treinava aqui na EACH, mas agora os estudantes passam, perguntam sobre o projeto”.


Programa visa apoiar atletas da USP em competições olímpicas

As universidades brasileiras não têm por tradição se envolver em grandes eventos esportivos. Porém, com os Jogos Olímpicos acontecendo no Brasil, a Universidade de São Paulo lança o programa “A USP nos Jogos Olímpicos e Jogos Paraolímpicos”. Valdir Barbanti, diretor da Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto (EEFERP) e coordenador do projeto explica: “O que nós esperamos é dar apoio àquelas pessoas que têm potencial de participar dos jogos de 2016, atletas, treinadores e pessoas da própria administração organização do evento.”
O projeto interdisciplinar conta com um investimento inicial de R$ 4,2 milhões, para a adequação e reforma da infraestrutura física, o oferecimento de avaliação e exames de diagnóstico da saúde do atleta, ações de educação continuada e oferecimento de bolsa de suporte básico para alunos da USP,atletas, ou estagiários nas unidades participantes. Inicialmente, seis Unidadesde Ensino e Pesquisa participarão do programa: a Escola de Educação Física e Esporte, Escola de Educação Física e Esporte de Ribeirão Preto, Escola de Artes, Ciências e Humanidades, Faculdade de Medicina, Faculdade de Ciências Farmacêuticas e a Faculdade de Odontologia.
O projeto contará também com o Centro de Práticas Esportivas (Cepe) e dos Centros de Educação Física, Esporte e Recreação (Cefer). Mas Barbanti ressalta: “O programa é aberto, se uma unidade tiver alguma interação com o esporte e achar que pode contribuir com o programa é muito bem-vinda.”
Barbanti explica que os alunos da USP participantes não precisam ter nível olímpico, sendo selecionados de acordo com seu desempenho em sua modalidade em nível estadual, nacional, ou internacional. Os atletas que não forem alunos da USP não são elegíveis para bolsas, mas podem receber assistência das unidades participantes, e utilizar a infraestrutura da universidade para treinamento, de acordo com a disponibilidade de horários.
Neide Coto, professora da faculdade de Odontologia, explica que o desenvolvimento de estratégias para o tratamento dos atletas é conjunto entreas unidades. Ela ressalta: “para a Faculdade de Odontologia o projeto é muito importante porque nos coloca em uma posição de importância dentro da vida do atleta.” A faculdade, além do tratamento odontológico, confecciona protetores bucais e faciais para os atletas. Neide explica: “ No organismo de um atleta, bactérias circulantes, provenientes de um problema odontológico, podem causar problemas muito sérios como pulmonares, cardíacos, entre outros.”
Não existe uma estimativa de quantos alunos serão beneficiados pelo programa. Barbanti conclui: “Eu gostaria que tivéssemos mais de 100 atletas para dar bolsa a todos, acontece que a USP não tem essa tradição, então não temos tantos atletas assim. Esperamos que com os jogos consigamos descobrir mais indivíduos que possam representar o país nos jogos.”

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