terça-feira, 11 de agosto de 2009

A Sexualidade e o Deficiente Físico


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As ereções deste tipo não têm ligação direta com a excitação sexual; podem aparecer por estimulação proprioceptiva da uretra, por exemplo, quando a bexiga está cheia, ou por estimulação tátil, quando o órgão sexual recebe estimulação direta. Este tipo de ereção é comum em paraplégicos e tetraplégicos espásticos, aqueles que têm movimentos involuntários de braços ou de pernas.


Os homens deficientes físicos ou não, independente da orientação hetero ou homossexual, em geral atribuem essencial importância ao desempenho fálico (do pênis) quando avaliam a si mesmos, identificam o masculino, o macho, com o órgão sexual. Mesmo que não tenham sensibilidade genital, mesmo que consigam satisfazer suas parceiras utilizando o corpo todo, mesmo que sejam amados com ardor, se não tem um nível de controle da ereção, sentem-se impotentes, não somente para o sexo, mas muitas vezes para todo tipo de relacionamento mais íntimo.

A grande maioria dos deficientes físicos não apresenta disfunção erétil. Apenas quando há alterações circulatórias importantes e nas lesões graves do sistema nervoso central podemos encontrar disfunções eretivas. Vale lembrar que hoje existe tratamento eficaz para quase todos os problemas sexuais de causa orgânica.

Nas lesões medulares, dependendo da região que foi danificada, o homem pode, no período de excitação, continuar apresentando a chamada “ereção psicogênica”, ou ereção provocada pelas fantasias sexuais; aquela que surge quando a pessoa assiste a filmes eróticos ou lê revistas pornográficas, por exemplo.

Existe um fenômeno trágico nas primeiras tentativas sexuais de lesados medulares, que ocorre quando o homem percebe que tem ereções durante a masturbação. Quando toca com as mãos o seu pênis, ele percebe que a ereção é rígida, e tudo parece indicar que sua sexualidade não foi afetada. Então, tendo uma parceira, ele investe nas preliminares, e também constata que, enquanto sua parceira manipula seu órgão, seja de forma oral ou manual, continua tendo ereções de boa qualidade, porém, quando tenta realizar uma penetração, após alguns minutos, perde a ereção. Ele volta a manipular o pênis e tem ereção, mas por mais que tente não consegue completar o coito.

O homem não compreende que pode ter “falhado”; sente-se excitado e com desejo intenso de penetrar sua parceira. Sabe que o problema não é falta de vontade, não é depressão, não é nada com sua parceira, sente-se potente, porém tem a realidade da perda eretiva e o medo da rejeição. A parceira não compreende, pode sentir-se insegura e atacar seu parceiro, ou passar a se culpar. O sexo torna-se um tormento, e, pasmem, o único vilão desta história quase nunca é descoberto.
É muito difícil manter o mesmo estímulo do pênis na relação com penetração quando somente a ereção reflexa está preservada. Sua ereção psicogênica, aquela obtida sem que ocorra contato com a genitália, está lesada, então quando o homem muda de posição, o estímulo é cortado bruscamente, sendo quase impossível evitar o frustrante corte da excitação do casal.

Outro problema sério é que, infelizmente, algumas disfunções sexuais são agravadas por procedimentos invasivos, ocorridos no período de hospitalização e/ou na fase de reabilitação, como, por exemplo, as infecções urinárias e do trato genital, a presença de fístulas uretrais, a utilização de práticas para o controle da espasticidade através de cirurgias nos nervos periféricos e as infiltrações nervosas com álcool ou fenol. Estes tratamentos das seqüelas são mais prejudiciais para a função sexual do que a própria deficiência física. A maioria dos médicos se esquece de informar aos pacientes dos riscos da utilização destes recursos.

O sentimento psíquico de impotência e inadequação demanda questões mais amplas ligadas ao resgate da identidade pessoal; toda história pessoal, sua forma de ver o mundo e os outros, suas crenças, seus valores e seus medos sofrem uma revolução.

A única saída é utilizar todo o seu potencial tentando dar maior objetividade ao problema, evitando ambigüidades e falsas interpretações. O que o deficiente físico mais necessita é clareza de idéias para que possa tomar ele mesmo as decisões sobre o procedimento que mais lhe convém. E quem participar deste resgaste, seja um profissional, um familiar, ou um(a) parceiro(a) sexual, precisa desenvolver um grau mais adequado de envolvimento com sua problemática global para assim poder atuar de forma empática e relamente mobilizadora.


Fonte: http://falandonaquilo.blogtv.uol.com.br/2009/04/28/a-sexualidade-e-o-deficiente-fisico

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