quarta-feira, 25 de abril de 2012

Em entrevista ao AHE!, Clodoaldo Silva destaca a evolução do paradesporto e o momento oportuno para o Brasil subir no ranking





25/04/2012 09:59 - Atualizado em 25/04/2012 13:52Por Natália da Luz

Niterói - RJA caminho da sua quarta Paralimpíada, um veterano das piscinas, responsável por divulgar a natação, e também por levantar a bandeira do esporte, Clodoaldo Silva comemora a evolução no paradesporto, que cresce e orgulha o Brasil a cada ciclo olímpico. Na Paralimpíada de Atlanta, em 1996, por exemplo, o Brasil ocupava o 37º lugar no quadro de medalhas. Em Pequim 2008, 12 anos depois,o país alcançou o nono lugar. Um resultado que comprovou a força de atletas que, em 2012, representarão todas as modalidades paralímpicas.





- Em Londres, o Brasil terá atletas de todas as modalidades presentes. Eles vão mostrar, de forma inédita, que é possível unir qualidade e quantidade. Antes, a gente tinha um ou outro, nunca os dois - conta em entrevista ao AHE! o nadador do Rio Grande do Norte que acumula no currículo seis medalhas de ouro, cinco de prata e cinco de bronze em Jogos Paralímpicos.



A estreia paralímpica do Brasil foi em 1972, nos Jogos de Heidelberg, na Alemanha, mas a historia de Clodoaldo como medalhista só nasceu em 1998 (com três medalhas de ouro na sua primeira participação em campeonatos brasileiros). Infelizmente, a sua atuação como atleta paralímpico já tem mês definido para terminar: setembro de 2012, quando ele planeja pendurar seus óculos, sua toca, sua sunga!



- Falo isso porque eu já consegui tudo dentro da piscina e agora quero novos desafios como a criação de um instituto em Natal (Rio Grande do Norte). Esse momento que estamos vivendo e que se estende até 2016 é uma oportunidade única para a divulgação, investimento e sucesso que não devemos perder - afirma o atleta de 31 anos, que, após a Paralimpíada de Londres, quer orientar jovens a fim de aumentar o número de medalhas para o país.







O pensamento de Clodoaldo traduz um pouco o objetivo do CPB (Comitê Paralímpico Brasileiro) para Londres 2012 e Rio 2016. Depois do nono lugar em Pequim (com 16 ouros, 14 pratas e 17 bronzes), a meta é chegar ao sétimo e, no próximo ciclo olímpico, ao quinto. Um sonho que, certamente, será realizado unindo investimento e treinamento.



Renovação a todo vapor



O eterno fã de Ayrton Senna se diz feliz quando vê torcedores que cultivam como ídolos os atletas deficientes. E essa onda se deve também ao desempenho de atletas como o judoca Antônio Tenório, o nadador Daniel Dias, a velocista Terezinha Guilhermina (que quebrou o recorde mundial de 200 metros no último final de semana, durante o Aberto de Atletismo da Cidade do México) e à hegemonia do Brasil no Parapan de 2007.





Para Clodoaldo, o Parapan-Americano de 2007 foi disputado debaixo de muita pressão. Pelo fato de o Rio de Janeiro ter sido a sede do torneio continental, a expectativa de fazer bonito era grande. Na ocasião, os paratletas brasileiros chegaram ao topo do ranking com 228 medalhas (83 de ouro, 68 de prata e 77 de bronze). Quatro anos depois, em Guadalajara, o Brasil continuou em primeiro, à frente dos Estados Unidos, México e Cuba. Além de liderar o ranking, outro feito no México foi o do nadador Daniel Dias, que conquistou, sozinho, oito medalhas de ouro.



- Os nossos esportes e, principalmente, a nossa natação estão muito profissionais. Não temos mais espaço para amador, e eu sinto que contribui para essa realidade. Hoje, vemos muitos jovens participando das provas de natação, o que é um sinal fortíssimo da renovação na modalidade - explica Clodoaldo, lembrando que, dos medalhistas de Atenas (2004) até hoje, às vésperas de Londres (2012), apenas ele e a nadadora conterrânea Edênia Garcia (prata na Paralimpíada de Atenas e bronze na Paralimpíada de Pequim) continuam nas piscinas paralímpicas.



- Parte desse sucesso está associada à infraestrutura. É isso que deixa o treinamento mais profissional, de mais alto nível. Antes, eu nunca tive uma estrutura como essa: com academia, piscina, alimentação e descanso. Isso é muito positivo - diz o atleta, referindo-se à Andeff (Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos), a maior instituição do Brasil dedicada ao treinamento paradesportivo.



A renovação é uma realidade e é mais do que necessário para subir no ranking. Dos 15 atletas da seleção de para-natação, dez têm menos de 25 anos, o que dá ao Brasil a possibilidade de contar com esses talentos para além de 2016.



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