sábado, 2 de abril de 2011

Uma voz para o autismo: síndrome processamento sensorial

Uma voz para o autismo: síndrome processamento sensorial

Sensory Discrimination Disorder (SDD)


Sensory Discrimination Disorder (SDD) Transtorno de discriminação sensorial - é o problema em entender e/ou interpretar mensagens sensoriais, isto provoca uma dificuldade em perceber diferenças e similaridades entre sensações. Esta desconexão acontece em um ou mais dos sistemas sensoriais.

Discriminação sensorial é o que nos permite distinguir entre um chorinho de bebê e um miado de gato (discriminação auditiva); quente/frio (discriminação táctil); encaixar peças num quebra-cabeças (discriminação visual). A capacidade de discriminação sensorial está no nosso sistema nervoso central e afeta todos os sete sentidos.

Uma criança com SDD táctil não conseguirá identificar um objeto somente pelo toque, ela precisara ver o objeto para poder identificá-lo.

Crianças com SDD geralmente precisam de tempo extra para processar as informações sensoriais pois elas têm dificuldade em decodificar as informações que estão recebendo de uma forma rápida e natural como as outras crianças.

Casos extremos podem colocar crianças em risco, se a criança não consegue perceber, ou reage muito lentamente a uma sensação de calor, como o provocado por uma chama ou uma lâmpada, pode causar ferimentos sérios.

Algumas pessoas reportam a dificuldade de perceber e discriminar calor e frio em seus corpos, provocando uma resposta comportamental incorreta, se a pessoa está com calor e não consegue discriminar a sensação acaba por colocar um agasalho ao invés de tentar se refrescar.

Nossa experiência:


O Pedro tem uma dificuldade em processar informações tácteis e auditivas tornando a visão um sentido dominante. Para desenvolver o sentido táctil nós cobrimos com uma manta objetos e ele tinha que encontrar o par do objeto que ele via com o que ele tocava e não podia ver. No começo os objetos tinham que ser muito diferentes, como um carrinho e uma bolinha de algodão, depois pudemos introduzir objetos mais parecidos. Numa primeira tentativa nós cobrimos os olhos do Pedro como na brincadeira cabra-cega, ele entrou em estado de pânico ao ter seus olhos cobertos, por isso retomamos o exercício cobrindo os objetos com a manta.


Da mesma forma trabalhamos a discriminação auditiva com brinquedos que imitavam barulhos, como vaca, cavalo, pato, sapo, carro de bombeiro, depois passamos a usar um bingo auditivo.

Problemas posturais - nossa experiência



O Luís foi uma criança com problemas posturais, como foi possível detectar precocemente, hoje ele não apresenta nenhuma característica que eram causadas por baixo tônus muscular na região abdominal e costas.

Nós realizamos uma série de exercícios diários com o objetivo de fortificar a musculatura do corpo. A base dos exercícios é para fortificar o abdômem e costas que são pontos chaves para uma boa postura.
Um grande sinal de que o Luís tinha problemas posturais foi o sentar em "W" como na foto acima, esta posição das pernas amplia a base e "tira" o esforço natural do abdômem e costas para nos manter eretos. Outra característica era que ele sempre apoiava com o braço ou cotovelos quando sentado.
Ao caminhar, ele balançava bastante o braço esquerdo.
Muitos dos exercícios estão no vídeo do link abaixo, nós fazíamos esta ginástica três vezes ao dia, pelo menos dois dos exercícios. Quando o Luís atingiu um controle muscular satisfatório na região abdominal ele iniciou aulas de ginástica de solo que ajudaram a desenvolver ainda mais o tônus muscular.

Thursday, September 2, 2010

Planejamento motor oral - nossa experiência


Voltamos ao Pedro, a boca e respiração dele ainda são fontes de preocupação.

O controle muscular foi conseguido através de uma estimulação chamada M.O.R.E. ( componente Motor, organização Oral, demandas da Respiração e contato ocular - Eye) que é um protocolo desenvolvido por uma fono.

Ele baseia-se em massagens dentro da boca e na face, estimulação do sopro e do engolir corretamente, além da respiração.

As massagens ajudaram no tônus muscular da face e boca do Pedro, ele tínha nódulos nos músculos da bochecha que desapareceram com a massagem. O protocolo não é complicado e há um video e livro que explicam como aplicá-lo.

O Pedro segue com resistência a experimentar comidas novas, porém o problema de controlar a saliva desapareceu. Ele aprendeu a soprar e sugar pelo canudinho, habilidades que ele não tinha anterior às massagens orais.

M.O.R.E - Integração da boca com as funções sensoriais e posturais.

Enquanto as abordagens motoras-orais para o tratamento de crianças com problemas neurológicos concentrava-se na disfunção alimentar grave o trabalho clínico com crianças que têm processamento sensorial / disfunção de desenvolvimento revelou uma forte associação entre o motor-oral e a disfunção respiratória e integrativa sensorial e muitos problemas sensório-motores.

O protocolo M.O.R.E é baseado num referencial teórico para compreender como e por que muitos aspectos do desenvolvimento é significativamente influenciado por funções orais. Existe uma relação da sucção / deglutição / respiração sincronia com o comportamento, aprendizado, desenvolvimento postural, alimentação, comunicação, excitação, auto-regulação, desenvolvimento psicossocial, percepção visual / auditiva e até problemas de saúde comuns em crianças.

Patti Oetter foi pioneira no desenvolvimento dos conceitos deste tratamento que capitalizou sobre essas relações interdependentes.
Alguns exercícios e brinquedos podem ser utilizados para facilitar a integração da boca com o desenvolvimento sensorial e postural, incluindo a auto-regulação e atenção, incluíndo a sucção, deglutição, sincronia da respiração. Alguns brinquedos utilizados são apitos, sopradores, Kazoos, bolhas, etc


Fonte do M.O.R.E. : http://www.pdppro.com/
Livro: M.O.R.E.: Integrating the Mouth With Sensory and Postural Functions, 2nd Ed.
Patricia Oetter, Eileen Richter, Sheila Frick

Planejamento motor fino - nossa experiência


Ah! A dificuldade de segurar utensílios em geral, da colher a tesoura, passando pelo lápis tão importante para a escrita.


Nosso trabalho foi baseado em primeiro trabalhar os músculos das mãos, no caso do Pedro ele não tinha problema com produzir força na mão, mas sua dificuldade era em controlá-la, em segurar o lápis da forma correta e usar a tesoura, o que ele não gosta até hoje mas já consegue usá-la.


Os músculos do Pedro, incluindo das mãos sempre foram muito fortes, porém ele tem algumas dificuldades com alongamento/flexibilidade dos músculos, o que o coloca na dispraxia.


Nós trabalhamos muito com massinha de modelar, primeiro só cutucando a massinha com o indicador, a mão do Pedro não conseguia fazer o gesto de apontar, uma vez que o gesto estava formado com mais facilmente nós passamos a estimular o gesto estourando bolinhas de sabão.


Ainda com a massinha de modelar nós trabalhamos o controle fino usando rolo, cortador e moldando bolinhas e figuras simples como bonecos de neve. No começo o Pedro precisava de auxílio mão sobre mão até ele entender o movimento e a intensidade da força que deveria ser empregada.


Também trabalhamos andar como caranguejo, como carrinho de mão,engatinhar, movimentos que requerem o apoio das mãos no chão trabalhando força e a abertura das mãos e dedos.


A entrada do lápis, canetinha e giz se deu primeiro na posição vertical em lousa, segundo a TO que atendia o Pedro, essa posição vertical estimula o correto segurar do lápis.


Depois entramos com desenhos de formas geométricas, o infinito (8 deitado) que trabalha a integração dos dois hemisférios do cérebro, sempre utilizando a lousa e a posição em pé.


Das formas geométricas introduzimos os desenhos simples, formando imagens com base nas formas geométricas. Hoje o Pedro desenha lindamente, principalmente aos olhos da mãe, essa trajetória fica para outro post.


O Luís também teve dificuldade com as mãos, no caso dele era com a força das mãos, os exercícios físicos com apoio das mãos também ajudaram neste caso, além das pinças, uma idéia vinda de uma amiga que mora no Japão, nós brincavamos com pinças e bolinhas de algodão a princípio, depois com bolinhas de gude até chegar a usar chopsticks, que o Luís usa para comer até hoje.

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