Um cego no BBB?
Já recebi muita mensagem de gente perguntando o que eu acho de ter um ‘malacabado’ nessa bobagem que é o Big Brother.
Um leitor, surdo, até se candidatou ao BBB e me mandou uma mensagem assim:
“Sei que você é cadeirante. Eu tenho deficiência auditiva e gostaria que soubesse que sou candidato tentado uma vaga ao BBB e meu objetivo é representar os deficientes de todo o Brasil nessa casa tão vigiada.
Então, pensei que poderia ser algo que possa se interessar, pois jamais um representante deficiente entrou naquela casa. A produção diz que a casa não está preparada. Estou lutando muito por isso.”
Meu povo, pra mim, ter uma pessoa sem perna ou sem braço, ou que arraste cachorro, ou que anda de cadeira de rodas, ou que seja estropiada em geral naquele castelo de narcisos (falei boniiiito, heim ) não tem a menor relevância e passa longe da minha ideia defender que haja pluralidade de perfis físicos naquilo....
Acho que uma pessoa com deficiência dentro da tal casa seria, em pouco tempo, alvo preferencial de chacotas dos que se acham a última bolacha do pacote. Sem falar que, uma fragilidade física poderia também representar uma vantagem do competidor diante do público que adora um ‘coitadinho’.
“Ah, vou torcer pra esse minino capenga... tadinho, ele merece, já sofreu tanto.”
Não consigo me convencer que um ‘matrixiano’ no roll das ‘celebridadchis’ de araque que formam o programa seria um estandarte da defesa da causa da acessibilidade, da inclusão.
O público liga a TV naquilo pra ver umas bundas , pra ver briga, intriga, futrica... não para se tornar mais consciente da realidade do país, né, não?!
Acho que o debate do “estarmos juntos” não pode ser radical ao ponto de querer controlar roteiros, conteúdos, formas e intenções. Me dá urticária que o avanço do debate da inclusão esbarre na liberdade da expressão.
Claaaaro que eu não estou defendendo que role uma “proibição” da presença de gente deficiente no programa, o que seria um absurdo. Porém, também não me apetece defender a diversidade a qualquer custo.
Se um dia um candidato malacabado tiver as características esperadas pela produção do programa (vou me conter e não citar nenhuma ), naturalmente, talvez, veremos um cegão, um tetrão se esbaldando lá naquela piscina... caso contrário...
E uma casa só de gente abatida da guerra, como já rolou na Inglaterra ou na Alemanha, não me lembro, já faz um tempinho, seria uma iniciativa bacana?!
Pelo que me lembro, foi sucesso de audiência e os conflitos que aconteceram foram bem parecidos aos da casa dos “certinhos”... Não seria estranho levantar a bandeira que um programa assim seria excludente?!
Escrito por Jairo Marques às 16h15
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