sexta-feira, 23 de março de 2012

Sobrevivente de atentado terrorista busca vaga paraolímpica em Londres

Martine Wright perdeu as duas pernas no atentado terrorista de 2005, no metrô de Londres. Foto: AP

http://esportes.terra.com.br/jogos-olimpicos/londres-2012/noticias/0,,OI5679119-EI19410,00-Sobrevivente+de+atentado+terrorista+busca+vaga+paraolimpica+em+Londres.html

Martine Wright perdeu as duas pernas no atentado terrorista de 2005, no metrô de Londres




Foto: AP









--------------------------------------------------------------------------------

Comentar Martine Wright estava atrasada para o trabalho. Ter ficado acordada até tarde para celebrar a escolha de Londres como sede da Olimpíada de 2012 tinha feito perder o horário. No metrô, ela não entrou em seu vagão específico, que a deixaria mais próxima à saída. Em vez disso, pulou para o que estava mais perto pouco antes de a porta se fechar. Momentos depois, caos.



Uma luz branca brilhou e ela se sentiu sendo atirada longe. Uma policial à paisana encontrou Wright nos escombros e segurou sua mão. Wright olhou para cima e viu um tênis. Ele havia sido arrancado de seu pé e espetado em um pedaço de metal. A gerente de marketing perdeu as duas pernas na manhã de 7 de julho de 2005, no atentado terrorista no metrô que matou 52 pessoas e quatro suicidas.



Martine Wright permaneceu em coma por 10 dias e seu corpo ficou inchado para duas vezes o tamanho normal. Quando seu irmão e irmã a viram no hospital, disseram à polícia que não era ela. Sete anos depois, Martine Wright é uma atleta em tempo integral. Seu objetivo é conseguir vaga para disputar os Jogos Paraolímpicos de Londres, entre 29 de agosto e 9 de setembro.



Martine, 39 anos, se lembra de sua mãe segurando seu rosto, dizendo que poderia ter morrido ou ficado com sequelas cerebrais, mas isso não aconteceu. Ela aprendeu a andar novamente com a ajuda de próteses, e também aprendeu a voar: pulou de paraquedas em um evento de caridade. Também se casou com seu namorado de longa data, Nick Wiltshire, e teve um filho.



Mas de alguma maneira, seguir em frente requeria algo a mais. Ela precisava de um objetivo. Sempre atlética - ela havia jogado hockey na universidade - se voltou para os esportes. "Eu queria sentir aquela competitividade que tinha no trabalho, aquela fome de sucesso", disse Martine. Tentou o tênis em cadeira de rodas, mas se interessou pelo vôlei sentado porque não precisava do apetrecho para praticar.



No vôlei sentado, amputados jogam em uma quadra de tamanho reduzido com rede baixa. Wright costuma brincar dizendo que a quadra fica brilhando depois das partidas. Foi em um ginásio na Universidade Roehampton, na zona oeste de Londres, que Wright encontrou o companheirismo no esporte.



Teste para o vôlei sentado



A organização dos Jogos de Londres tem um objetivo ao dar atenção aos Jogos Paraolímpicos: a Rainha Elizabeth II vai abrir o evento, assim como a Olimpíada, reflexo do interesse da nação em oferecer tratamento igualitário à causa paraolímpica. Como país-sede, o Reino Unido tem direito de contar com um representante. No entanto, o Comitê Paraolímpico Britânico mostrou preocupação com a equipe de vôlei sentado.



Por conta da pouca experiência, o órgão determinou que a equipe teria de subir o padrão de disputa para poder competir com potências da modalidade como a China e se segurar. O Comitê deu um ultimato à equipe recentemente: eles teriam de melhorar o desempenho ou não poderia participar da Paraolimpíada.



Penny Briscoe, diretora de performance do Comitê Paraolímpico Britânico, afirmou que o órgão esperava demonstração de que a equipe estava pronta, focada e unida. Independentemente da situação de país-sede, a equipe teria de ser boa o suficiente para competir com os melhores. "Queremos servir de inspiração para potenciais atletas que querem competir", disse Briscoe.



Outra questão, segundo ela, é competir "com integridade". "Não há uniformes de graça para atletas paraolímpicos britânicos", ressaltou. Na última semana, o objetivo foi alcançado e a participação da seleção de vôlei sentado foi confirmada. O mesmo, no entanto, ainda vale para Wright, que terá de competir pela vaga na equipe, apesar de ser sobrevivente do atentado terrorista e ter se transformado em embaixadora do esporte.



"Se você me dissesse há sete anos 'olhe Martine, você vai participar de um dos maiores eventos do mundo' - a Olimpíada de Londres - eu pensaria: 'você está absolutamente louco'. Mas estou pegando essa onda. Quem sabe o que o futuro reserva? O que preciso fazer agora é seguir treinando e fazer com que seja convocada", apontou. Se for escolhida, vai competir com o número 7, a data da tragédia londrina no metrô.



Londres 2012 no Terra



O Terra, maior empresa de internet da América Latina, transmitirá ao vivo e em alta definição (HD) todas as modalidades dos Jogos Olímpicos de Londres, que serão realizados entre os dias 27 de julho e 12 de agosto de 2012. Com reportagens especiais e acompanhamento do dia a dia dos atletas, a cobertura contará com textos, vídeos, fotos, debates, participação do internauta e repercussão nas redes sociais.

Nenhum comentário: