domingo, 31 de julho de 2011

Introdução Das Lutas No Esporte Adaptado

Introdução Das Lutas No Esporte Adaptado




Autor: Alisson Arley Firmino


- Delimitação da área:

Taekwondo Adaptado.


- Tema:

Taekwondo como esporte adaptado para cegos.


- Introdução:

Milhões de anos foram necessários para desenvolver corpo e cérebro até formar o homem. Há 40.000 anos surgir uma nova era com seus problemas. Onde homens tinham que se defender e atacar com lanças, arcos e flechas rudimentares que para serem disparadas era utilizado todo o corpo deitado ao chão. Estes confrontos em muitos casos era entre homens e animais, e muitas vezes era corpo a corpo.

Os Australopithecus que eram macacos do sul da África há mais de um milhão de anos já demonstrava seus instintos de lutadores ao disputarem território e mesmo ao se alimentar, onde o líder do bando será sempre o primeiro a comer, e quando algum Australopithecus não concordava a disputa era até a morte e o vencedor tornava-se líder do bando.

O termo “arte marcial” data-se de épocas passadas vinda dos deuses. Marte era o deus protetor do gado, da fertilidade e da vegetação. Como se sabe toda arte marcial deriva-se das guerras e com algum aprimoramento desenvolve técnicas de combate. O planeta marte por sua cor vermelho-sangue também foi associado ás forças destrutivas do homem e da natureza. O fato do nome deste deus ter sido dado a esta Arte não foi satisfatoriamente explicado, no entanto deve haver alguma ligação com o início das guerras que em geral começavam na primavera ou porque esta estação chegava em março, período da estação pertencente ao deus Marte.

O Taekwondo é uma arte marcial com mais de 2.000 anos de existência. Surgiu na Coréia Sarabol da Silla, onde situa-se atualmente a Coréia do Sul. Surgiu como praticamente todas as artes marciais, devido a vários confrontos por domínio de território, generais do reino de Silla se uniram e desenvolveram técnicas de ataque e defesa utilizando as mãos e os pés para se defenderem de reinos maiores como os reinos de koguryo e Paekche. Esta união e organização deu origem ao Taekwondo que hoje sofreu grandes variações para se adequar aos esportes olímpicos e as realidades do mundo ocidental.

O esporte adaptado teve origem na Inglaterra por iniciativa do médico Ludwig Guttmann, que tratava indivíduos com lesão medular ou amputações de membros inferiores vindos da II Guerra Mundial. Estes indivíduos começaram a praticar jogos esportivos em um hospital em Stoke Mandeville com o objetivo de reabilitação. Através de suas observações doutor Guttmann verificou que pacientes que de certa forma se exercitavam com freqüência eram os que mais facilmente se curavam e recebiam alta dos hospitais, e assim começou á prática esportiva com estes pacientes.

No Brasil, o esporte adaptado surgiu em 1958 com a fundação de dois clubes esportivos no Rio de Janeiro e em São Paulo. Nos últimos cinco anos, o Esporte Adaptado brasileiro vem evoluindo, mas por falta de informação e, principalmente, de condições específicas para a sua prática, muitos portadores de deficiência ainda não têm acesso a ele ou não praticam a modalidade que mais gosta, como é o caso do Taekwondo.

Atualmente, o Esporte Adaptado no Brasil é administrado por 6 grandes instituições: A ABDC (Associação Brasileira de Desporto para Cegos) que cuida dos deficientes visuais, a ANDE (Associação Nacional de Desporto para Excepcionais) que cuida dos paralisados cerebrais e dos lesautres, a ABRADECAR (Associação Brasileira de Desportos em Cadeira de Rodas) que administra as modalidades em cadeira de rodas, a ABDA (Associação Brasileira de Desportos para Amputados) que cuida dos amputados, a ABDEM (Associação Brasileira de Desportos para Deficientes Mentais) que administra os esportes para deficientes mentais e a CBDS (Confederação Brasileira de Desportos para Surdos) que cuida dos deficientes auditivos e não está vinculada ao Comitê Paraolímpico Brasileiro.

No Taekwondo, uma das maiores barreiras da exclusão do portador de deficiência é a falta de informação e por vezes a conscientização dos professores, pais ou alunos, em que a deficiência é apenas uma dificuldade que precisam conviver diariamente. Estas pessoas fazem parte de uma coletividade, onde cada indivíduo é de suma importância em um todo chamado Humanidade.
As atividades desenvolvidas em grupo socializam alunos com deficiência, principalmente em grupos de não deficientes. Outro propósito é gerar resultados positivos de interação social. É sabido que a falta de convívio social e atividades físicas podem levar rapidamente a uma deficiência no desenvolvimento dos aspectos afetivo e psicomotor. Diante desta situação é necessária a implantação de um trabalho de desenvolvimento de Taekwondo Adaptado que se encarregará dos interesses para-desportivos dos portadores de deficiência, minimizando a deficiência apontada.

Para os portadores de deficiência, o Taekwondo pode ser um esporte de fácil aprendizado, principalmente quando existe respaldo de profissionais competentes que atuam nesta área. Seminários, cursos e palestras esclarecerão dúvidas e formarão adequadamente qualquer profissional vinculado ao Taekwondo Adaptado. Além da notória boa educação recebida através do Taekwondo. O bom resultado na área competitiva e demonstrativa trará reconhecimento aos para-atletas e as suas famílias.

- Problema:

O Taekwondo hoje não segue as tendências de outras artes marciais como o Judô que já disputa campeonatos oficiais de para-atletas. Há possibilidades de atletas com deficiência visual disputarem campeonatos e praticarem o Taekwondo. Há uma grande melhora na perspectiva de vida destes praticantes. Metodologia de ensino diferenciada dos atletas ditos normais se faz necessário para melhor compreensão e assimilação.
- Justificativa:

Não se tem notícias de academias, associações que realizam um trabalho com os cegos no Taekwondo, a única instituição que desempenha este papel é o Instituto Benjamim Constant através do meste/professor Roberto Cardia, no estado do Rio de Janeiro. O Taekwondo não faz parte dos jogos paraolímpicos, sendo assim atletas desta modalidade não participam destes campeonatos de grande importância. Todo o método de explicação das técnicas deve ser feita com mais calma de maneira a proporcionar ao atleta uma visão do que deve ser feito e deixar que o atleta sinta-se quase independente para desenvolver sua auto estima e melhorar em outros aspectos.


- Objetivo:

Desenvolver o espírito de coletividade. Integrar socialmente os atletas deficientes. Desenvolver o espírito esportivo. Desenvolver aspectos psicomotores. Desenvolver habilidades como flexibilidade, concentração, coordenação motora, disciplina, autocontrole. Incluir socialmente, dentre outros.


- Procedimentos metodológicos:
- Método de abordagem:

Foi utilizado o método indutivo, pois é um fenômeno ainda não estudado.


- Método de procedimento;
- Técnica de pesquisa:

Foi feita entrevista com o Mestre Roberto Cardia, Mestre em Taekwondo e Taochido, coordenador da área de Taekwondo adaptado na Federação de Taekwondo do Rio de Janeiro, professor e treinador da equipe de cegos do Instituto Benjamin Constant no Rio de Janeiro. Foram entrevistados também alunos cegos que já treinam com o Mestre há mais de 6 meses, são 15 atletas num total. Após entrevista foi feita observação do processo de aprendizagem e assimilação das técnicas durante o treinamento.


- Considerações finais:

O Taekwondo adaptado, aos cegos em especial capacita estes deficientes visuais para prática do mesmo, fundamentada em estudos, testes e observações. Mudanças se fazem necessários como acontece em todo esporte adaptado. Regras e equipamentos de proteção foram modificados, proporcionando maior segurança e confiabilidade nos treinamentos e competições. Em primeiro lugar as cores utilizadas nos equipamentos devem ser chamativas e fosforescentes para os indivíduos de baixa visão poder identificar-las no espaço com mais facilidade. Os indivíduos de visão nula devem receber atenção maior.
A classificação desportiva dos cegos segue os seguintes parâmetros e no Taekwondo não são diferentes:
B1 – Cego total que não identifica nem sombras, nem luz;
B2 – Cego parcial que define vultos e luz;
B3 – Cego parcial que define formas, vultos e luz;

Para todas estas categorias de classificação os matérias utilizados na prática seguem as seguintes adaptações:
Raquete: Material alcochoado e desenvolvido para receber chutes no formato de uma raquete de tênis. Com a adaptação elas devem ter cores mais chamativas ou fosforescentes para se destacar dos demais objetos.
Saco de Pancada: Material desenvolvido para receber chutes e socos. Utilizado para desenvolver potência, liberando agressividade. Seu formato e cores não foram alterados seguindo os padrões normais, mas dando preferência a cor vermelha, facilmente encontrado em lojas do ramo.
Protetor de tórax: Criados para absorver impactos de chutes e socos na região do tronco, protege a linha da cintura, tronco, clavícula e costelas. Não foi mudado seu formato, as cores podem ser mudadas, mas não é necessário.
Protetor de cabeça: O protetor convencional tem em sua parte frontal uma abertura que permite a entrada dos pés, facilitando o nockout. Para manter a integridade física dos praticantes este artigo esportivo foi mudado, e nesta abertura há uma grade de proteção feita de plástico. Ele cobre toda região da cabeça, frontal, lateral e parte posterior.
Protetor de perna e pé: Este foi mais acolchoado para evitar choques com partes duras dos corpo, como canela. A parte de proteção do pé protege todo o pé para evitar este tipo de choque e mesmo a pancada que acerta a grade de proteção do protetor de cabeça.
Protetor de genital: Não sofreu nenhuma alteração e deve ser usado sempre.
Protetor de antebraço: Não sofreu nenhuma alteração.
Protetor bucal: Não sofreu nenhum alteração.

A área de competição sofreu alterações para melhor adaptação do espaço utilizado. A área de luta que normalmente é de 12m X 12m diminui para 5m X 5m, recebendo ainda uma outra marcação em forma de piso tátil, para os cegos se localizarem no espaço de luta. Esta marcação fica a um metro adentro da borda lateral do Dodjan (tatame). Guizos são colocados na fossa poplítea dos lutadores para melhor identificar a localização do adversário através do seu movimento.
Cada graduação do Taekwondo tem o seu Poomsê, que é uma seqüencia de movimentos de ataque e defesa simulando uma luta imaginaria, este poomsê não precisa ser mudado, os cegos podem fazê-lo com tranqüilidade ajudando assim na melhora da coordenação motora, precisão de golpes, firmeza, equilíbrio e concentração.

Mestre Roberto Cardia nos informou que no estado do Rio de Janeiro a Federação de Taekwondo do estado, entende que o acesso ao meio profissional destes deficientes visuais, são de muito difíceis, sendo assim alguns procedimentos são tomados para que eles não tenha quem desistir do esporte por problemas financeiros. A Federação do estado não cobra exames de graduação, participação em eventos e certificados, facilitando assim sua prática.



- Bibliografia:
http://www.add.org.br/
Livro Taekwondo – Arte Marcial e Cultura Coreana. Vol. 1
http://www.artigonal.com/esportes-artigos/introducao-das-lutas-no-esporte-adaptado-903782.html


Perfil do Autor


Estudante e Professor em Educação Física (Faculdade Pitágoras - Belo Horizonte).

Professor de Artes Marciais (Taekwondo).

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