domingo, 27 de maio de 2012

Medalhistas paralímpicos vivem dia de ouro em Cabo Frio

Medalhistas paralímpicos vivem dia de ouro em Cabo Frio




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Redação - 26.05.2012 às 10:16

divulgação / Semel



CABO FRIO, RJ (O REPÓRTER) - A cidade de Cabo Frio recebeu na última sexta-feira, dia 25 de maio, a visita de dois atletas paralímpicos de renome internacional, o nadador Clodoaldo Silva e o atleta de lançamento de disco Anderson Lopes. Os ilustres visitantes começaram o dia na cidade participando da II Conferência Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, realizada na Universidade Veiga de Almeida.



Anderson, que é Subsecretário de Acessibilidade de Niterói, Rio de Janeiro, e Diretor da Andef (Associação Niteroiense dos Deficientes Físicos) abriu sua participação falando sobre sua identificação com a cidade de Cabo Frio e fez uma citação ao Sr.Kléber Veríssimo, Diretor de Esportes da Secretaria Municipal de Esportes e Lazer e também membro suplente do Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência, que representou o Sr. Eliseu Pombo, secretário de esportes de Cabo Frio, ressaltando a importância de Kleber para o esporte paralímpico quando este foi Diretor Técnico do Comitê Paraolímpico Brasileiro.



Anderson trouxe o tema da acessibilidade de uma forma leve, descontraída e que contagiou a todos os presentes ao evento, destacando a importância da participação da sociedade na luta em prol dos direitos da pessoa com deficiência: “No Brasil temos cerca de 30 milhões de pessoas com alguma deficiência. A maioria desse contingente está em casa, porque o poder público não vê, e não vê porque nós não reclamamos, nós não o provocamos, muitas vezes optamos por nos relegar ao muro das lamentações e pronto. A pessoa com deficiência não pode ser vista como incapaz, ela não é. Ela só precisa ter oportunidades para exercer seus direitos como qualquer cidadão e pra isso, discutir a questão da acessibilidade é muito importante”, destacou.



O nadador Clodoaldo Silva trouxe à conferência o seu exemplo de vida, contou suas experiências, dificuldades e desafios encontrados ao longo do caminho até se tornar o maior medalhista brasileiro na atualidade, ‘tanto em quantidade como em qualidade’, como gosta de ressaltar. Apresentou um vídeo onde familiares contavam um pouco de como foi sua infância, mostrou algumas de suas medalhas paralímpicas e de jogos pan-americanos e destacou a importância de se se conquistar, uma oportunidade na vida: “A oportunidade vem para todos nós e, quando isso não acontece, nós temos que ir atrás dela, criar as nossas. As pessoas com deficiência são pessoas capazes, que só precisam de uma oportunidade. Eu espero que depois de assistirem a esse vídeo, vocês olhem para estas pessoas e lembrem dele”, disse, antes de completar: “Eu tenho certeza que se viesse aqui e contasse a minha história de vida de uma forma triste, coitadinha, conseguiria passar a minha mensagem, mas eu prefiro falar sobre isso de uma forma mais bem humorada, mais alegre, porque eu sei que também vou alcançar o meu objetivo dessa maneira”.



Após abrilhantarem o evento, os atletas foram conhecer a APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) de Cabo Frio. A recepção dos assistidos pela entidade foi calorosa e emocionante. Anderson e Clodoaldo conheceram as instalações da APAE e deram sugestões quanto à acessibilidade do lugar. Clodoaldo, que vai encerrar a carreira após os jogos de Londres-2012 e se dedicar, entre outras coisas, a tocar o Instituto Clodoaldo Silva, mostrou bastante interesse em saber como é mantida atualmente a APAE e sobre as políticas voltadas para o atendimento aos cerca de 230 assistidos pela instituição.



Para encerrar a visita à cidade, Clodoaldo e Anderson foram conhecer o núcleo de natação do Projeto Novo Cidadão, realizado pela Prefeitura através da Secretaria de Esportes e Lazer. Clodoaldo foi recebido pelo Coordenador do projeto, Sérgio Ghetti, e pelo Secretário do Comitê Gestor Municipal Tony Vieira e falou às crianças e alunos em geral sobre sua carreira, sobre a importância de respeitar aos pais e professores do projeto e fez um divertido desafio aos alunos do núcleo: “Quem aqui quer levar uma medalha minha pra casa? Eu dou, mas pra isso tem que me ganhar na piscina”, brincou o atleta.



Ao final do dia, Anderson e Clodoaldo sintetizaram o que acharam da visita à cidade: “Foi maravilhoso, mostrou o trabalho que Cabo Frio tem com relação ao esporte, aos direitos da pessoa com deficiência e, o mais importante, que está suscetível a mudanças. Eu acho que esse é o grande barato da nossa vinda, tentar ajudar com as nossas ideias para que novas questões relativas aos direitos da pessoa com deficiência possam entrar no coração das pessoas e se tornarem políticas públicas, isso é o mais importante e eu acho que o dia foi coroado por isso”, afirmou. Sobre a forma descontraída e leve empregada para abordar um tema tão importante e delicado, Anderson explicou porque prefere tratar o assunto dessa forma: “É um tema difícil. Muitas das vezes em que uma pessoa vai parar num hospital e perde uma perna a vida dela é modificada, não pela perda da perna, e sim pela forma com que os entes queridos, a família, em vez de tentar colocar aquela pessoa pra cima, acabam chorando e isso acaba transformando a vida daquela pessoa. O nosso trabalho é mostrar que, mesmo a pessoa tendo uma deficiência, nós temos uma oportunidade de vida, para que possamos continuar vivendo dentro das nossas dificuldades. O grande barato é mostrar que mesmo com todas as dificuldades nós conseguimos superar esses limites para que possamos ser o reflexo para uma família ou para alguém que se tornou deficiente mostrando pra ela que a vida continua”, declarou.



Clodoaldo também considerou o dia proveitoso: “Eu só tenho a agradecer ao convite feito pelo Sr. Kleber Veríssimo. Nós atletas temos a missão de divulgar o segmento da pessoa com deficiência fora do esporte. Eu vim mostrar que a pessoa com deficiência não tem nada de incapaz. Para a minha grata surpresa, eu pude também conhecer o belo trabalho feito pela APAE voltado para as pessoas com deficiência intelectual. As pessoas de lá são mais do que especiais e quem cuida, quem tem um carinho por elas faz muita diferença. Encerrei o dia nesse projeto belíssimo, que eu tenho muita satisfação de ter conhecido e de poder conversar com as crianças, contando a minha história de vida, de um cara que passou todas as dificuldades do mundo e conseguiu ser bem sucedido dentro e fora da piscina. Eu tento passar esses valores para que essas crianças possam ser grandes atletas, mas se não conseguirem ser grandes campeões no esporte que possam ser grandes campeões na vida, tendo cidadania, tendo respeito e dignidade”, afirmou o campeão.





Tags: Cabo Frio, medalhistas, paraolimpíadas

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