Aqueles que Estão por Trás do Sucesso e da Qualidade da Educação
Educação inclusiva é um processo em que se amplia a participação de todos os estudantes nos estabelecimentos de ensino regular, com uma reestruturação da cultura, da prática vivenciada nas escolas de modo que estas respondam à diversidade dos alunos. Alguns Professores destinam-se a colocar em prática esse fazer tão especial. Hoje, vamos conhecer um pouco da história de um deles
..."Há muitas pessoas de visão perfeita que nada vêem"......"O ato de ver não é coisa natural. Precisa ser aprendido"... (Rubem Alves)
Meu nome é Luciana Teixeira Bernardo, sou professora de Educação Física formada pela UERJ e professora da rede desde 2003. Sou ex-atleta de voleibol e resolvi estudar Educação Física por dois motivos:
1º Sou apaixonada pelo desporto Voleibol.
2º Fui babá de uma menina com Síndrome de Down e descobri como é fascinante o mundo especial.
Bom, durante minha formação não tive nenhuma oportunidade para aprender algo sobre educação especial. Minha vida foi indo por outro caminho, mas lá no fundo, eu mantinha a curiosidade de como seria trabalhar com educação física adaptada. Concluí minha primeira Pós-Graduação em Educação Física e Psicomotricidade e fui trabalhar em uma creche particular. Quando fui chamada para trabalhar na rede, tomei posse e fui trabalhar na Escola Municipal Joracy Camargo, que fica na Vila Cruzeiro. Na época ainda não estava pacificada.
Muitas experiências tive por lá (boas e ruins), fiquei três anos inteiros, guardo saudades e lembranças gostosas de todos, por tudo que passamos neste período... Quando cheguei lá, percebi o quanto carente eram todos, descobri que criança pode não sonhar e isso me machucava muito. A agressividade era uma marca de todos naquela comunidade e com o tempo vi que isso foi se tornando menos presente, éramos quatro professores de Educação Física chegando com vontade de mudar.
Vieram a Mostra de Dança, os Jogos Estudantis, os Torneios Internos, os jogos diferentes, brincadeiras, grandes papos, muitas risadas e etc. Enfim, fizemos a escola sair da rotina e crescemos todos, mas a vida segue, não tinha mais como ficar ali. Fui embora de coração partido. Percebi que essa era a hora da despedida. Foi quando uma professora da rede me apresentou a Escola Especial Rotary Club e decidi que iria para o ensino especial. Quando cheguei, fiquei bem assustada, pois, a escola especial não era nada parecida com o que eu já estava acostumada a ver nas classes especiais da minha escola de origem.
Quando pensamos em aluno especial pensamos no deficiente auditivo, no deficiente visual no deficiente físico ou naquele que tem uma deficiência mental. Pois bem, essa, definitivamente não é a realidade de uma escola especial da rede. Atendemos pessoas que não têm condições de serem integradas ao ensino regular, são deficiências múltiplas, síndromes raras, crianças, adolescentes e adultos que, muitas das vezes, só têm aquele espaço pra interagir com a sociedade. São muitas pessoas que necessitam da cadeira de rodas para se locomover, não falam e, muitas das vezes, nem sabemos se, de alguma forma, com nossas atividades, estamos atingindo esse aluno. Mas a Rede, com todo o carinho e dedicação, abraça-os e os atende.
"Aqui, descobri que muitas das vezes um sorriso é uma resposta e que pequenos gestos - digo, pequenos mesmo - representam uma enormidade pra gente. Fui gradativamente entendendo como era a dinâmica dessa escola tão particular que é a escola especial, minha paixão foi aumentando e hoje já estou há cinco anos lá e ainda aprendo todo dia. Aprendo a ser tolerante com o próximo, aprendo a esperar, a ter muita paciência, a não ter grandes expectativas e ver que temos que explorar nossas possibilidades e não reforçar nossos problemas. Aprendo a sorrir todos os dias, mesmo eles não sendo os melhores, pois é isso que recebemos deles... Aprendo a não julgar, a não rotular."
(Professora Luciana Teixeira Bernardo)
Neste ano de 2012, busco a inclusão da Educação Física Especial no caderno curricular de Educação Física. Entendo que não podemos tratar o assunto como uma receita de bolo, até porque, nossa realidade é ímpar; mas precisamos mostrar que a escola especial está presente, que tem sua importância, mostrar o quanto ela produz, o quanto ela é rica e deveria servir de modelo para todas as escolas, pois ela não exclui ninguém, ela acolhe. Sonho realizar neste ano a implementação de um projeto de bocha adaptada como elemento extra-curricular pra esses alunos. Gostaria de convidar a todos os interessados a virem conhecer essa escola. Venham!!!
"É apenas com o coração que se pode ver direito; o essencial é invisível aos olhos."
(Antoine de Saint Exupéry)
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