quarta-feira, 4 de abril de 2012

Empresa Paulista é a primeira do mundo a fabricar aparelhos de musculação para pessoas com deficiência.

» Reportagem: Endorfina




Musculação Acessível



Empresa Paulista é a primeira do mundo a fabricar aparelhos de musculação para pessoas com deficiência.





Por Eder Brito



» O Brasil evoluiu muito nos últimos dez anos quando o assunto é a integração das pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida. Em nível federal, foi criado um Conselho Nacional especialmente voltado para fiscalizar o cumprimento dos direitos deste público. Em São Paulo, foram criadas Secretarias específicas para pessoas com deficiência. Paralelamente, o mundo do esporte também vem aumentando a atenção em relação a integração deste público. Há muito tempo, os Jogos Para-panamericanos e Para-olímpicos acontecem no mesmo mês e no mesmo local em que ocorrem suas versões tradicionais, forma clara de celebrar a integração de todos os públicos e sacramentar de vez a inclusão.



» Indo ao encontro deste clima, a indústria fitness acaba de ganhar uma prova concreta de que as pessoas com deficiência precisam e têm o direito de se integrar mais. A Physicus, empresa paulista de equipamentos de musculação, acaba de lançar uma linha de equipamentos destinados exclusivamente aos cadeirantes. A instituição é pioneira mundial nesta área. Os aparelhos foram apresentados durante a Reatech (Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade) e já funcionam no Parque da Juventude, na zona norte de São Paulo. Em entrevista exclusiva, Maurício José Teixeira, diretor da empresa e Carlos Firmino, coordenador de projetos da Physicus, explicam melhor a idéia inédita.



Quais equipamentos a Physicus desenvolveu exclusivamente para pessoas com deficiência?

Carlos Firmino: Os equipamentos são da linha APADEF – Aparelhos para Deficientes Físicos. São máquinas de tríceps, bíceps, puxada alta, supino vertical, remada sentado, abdominal, twist, torre, elevação dos braços, jogo de barras, paralelas, máquina giro de punho, roda de ombros, multi rodas de ombros, barra alta giratória e bicicleta de mão.



Desde quando a empresa fabrica este tipo de equipamento?

Carlos Firmino: Faz aproximadamente 1 ano.



Por que a decisão de investir em um nicho tão específico?

Maurício Teixeira: Existem 24 milhões de brasileiros com alguma incapacidade física e não existem produtos pensados para este público. Este é o primeiro motivo. O segundo motivo é que as pessoas com deficiência, ao contrário do que se imagina, são um público que, apesar de enfrentar dificuldade de locomoção ou outros problemas, são seres humanos mais animados, com um controle maior sobre o próprio ego. São seres humanos totalmente aptos para viver a indústria fitness.

Carlos Firmino: E os aparelhos foram elaborados pensando na necessidade e carência que existe em relação aos cadeirantes.



Quais são os desafios para a expansão deste segmento no país?

Carlos Firmino: Os governantes precisam acreditar no projeto e cumprir as leis de acessibilidade.

Maurício Teixeira: Apesar de se falar muito em vantagens fiscais para pessoas com deficiência, isso não ocorre quando o assunto são aparelhos de musculação. Os fabricantes não têm nenhum tipo de apoio ou isenção, nenhuma diferenciação. Continuamos pagando 20% de IPI, o mesmo tipo de ICMS. Existe uma intenção por parte da Secretaria Estadual da Pessoa com Deficiência de apresentar uma redução fiscal para empresas que fabricarem produtos para pessoas com deficiência. Ma isso ainda é apenas verbal, não existe na prática.



Como ocorre o processo de desenvolvimento destes produtos?

Carlos Firmino: Temos que perceber quais são os exercícios necessários para este público. Nos baseamos em estudos cinesiológicos, antropométricos e biodinâmicos. Vamos desenvolvendo e testando cada equipamento, buscando sua otimização de movimento e, consequentemente melhores resultados.



Que tipos de profissionais participam deste desenvolvimento?

Carlos Firmino: Atuamos como uma equipe multidisciplinar, composta por projetistas, professores de biomecânica, soldadores, deficientes comuns e desportistas cadeirantes.



Vocês ainda se julga pioneiros neste investimento?

Maurício Teixeira: Não só nos julgamos como somos comprovadamente. Temos todas as certificações e as chancelas de diversas instituições Abraleme (Associação Brasileira dos Lojistas de Equipamentos e Materiais Esportivos), Abimaq (Associação Brasileira de Indústria de Máquinas e Equipamentos), FIESP/CIESP...todas estas entidades nos forneceram um atestado de exclusividade. Fizeram uma pesquisa e comprovaram que não existe nada igual ao mercado. O nosso conceito também tem chancelas do Comitê Paraolímpico Brasileiro, que é presidido por um membro do Comitê Paraolímpico Internacional.



Você acha que este tipo de equipamento já foi bem assimilado pelas academias?

Maurício Teixeira: Nós iniciamos o projeto com um pensamento voltado para o outdoor e enxergando como clientes as Prefeituras e órgãos governamentais, que precisam se preocupar em atender as leis de acessibilidade. Já estamos trabalhando para o lançamento de uma linha nova, focada para o indoor, voltada para academias. Será quase um trabalho de conscientização, porque algumas academias ainda não enxergam o potencial deste público, ainda não sabem que existem 24 milhões de pessoas co algum tipo de deficiência no Brasil.

Carlos Firmino: Os equipamentos já instalados foram bem aceitos por parte dos usuários, mas ainda estamos longe do ideal. Falta conscientização por parte de todos em relação à este público específico. Mas as coisas estão mudando e acreditamos que no futuro muitos setores estarão voltados ao respeito e a dignidade da pessoa com deficiência.





Revista Endorfina – Ano 2, N° 7 – Julho/Agosto 2010

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