quarta-feira, 4 de abril de 2012

Academia inclusiva | Melhor Amiga

Academia inclusiva | Melhor Amiga

QUARTA FEIRA, 04 DE ABRIL DE 2012

Academia inclusiva

Academia inclusivaSão José dos Campos, interior do Estado de São Paulo: lá o trabalho de um professor de educação física ganha destaque em todo o país. Artur Hashimoto, que já atendia cadeirantes há 10 anos, em 2009 cria uma academia totalmente inclusiva. Elevadores, rampas de acesso, banheiros adaptados, bebedouros do tamanho ideal. Foi preciso pensar em toda uma estrutura especial para que o sonho do professor e de muitos deficientes físicos tornasse realidade. O projeto consiste em aplicar o treinamento funcional aos cadeirantes que, a partir de um trabalho específico, dá funcionalidade ao corpo e permite que movimentos perdidos sejam recuperados, tornando o corpo uma máquina mais inteligente.
Em menos de um mês de treinamento personalizado, Evandro já conseguia tirar o cabide de dentro de seu guarda roupa, sem a ajuda de ninguém. “São pequenas conquistas que meus alunos vão ganhando no dia a dia, e nós não temos noção do que isso significa para eles”, diz Artur Hashimoto, idealizador do Instituto Saúde em Evidência, uma das primeiras academias totalmente inclusiva do Brasil, localizada em São José dos Campos, interior de São Paulo.
Há cinco anos Evandro Bonocchi sofreu um acidente de moto que o deixou paraplégico. Desde então, fazia sessões de fisioterapia constantes para recuperar alguns de seus movimentos. Evandro é ativo, joga basquete e participa de competições de Handbike (uma bicicleta adaptada para cadeirantes). Em uma dessas competições, conheceu Artur Hashimoto e começaram a treinar juntos. Segundo o aluno, “a academia impressiona, primeiramente, pela acessibilidade que não é encontrada em muitos shoppings. Mas, o mais especial lá é o tratamento que nós, cadeirantes, recebemos: somos tratados como iguais, não somos desrespeitados e nem tratados com excesso de zelo”.
As conquistas realizadas a cada dia pelos cadeirantes são possibilitadas pelo treinamento funcional, que tem como foco as necessidades específicas do indivíduo, definidas de acordo com as dificuldades próprias do dia-a-dia de cada um. Aulas de transferência possibilitam ao deficiente obter força suficiente na região do core (centro de produção de força que envolve quadris, abdome e a região lombar) para se levantar da cadeira de rodas. E a continuação do trabalho pode levá-lo ainda mais além. Aos cadeirantes, a partir de agora, conquistar qualidade de vida e independência não mais representa um sonho distante, trata-se de uma real possibilidade.
Atualmente, o projeto Instituto Saúde em Evidência atende nove cadeirantes e não tem fins lucrativos, ou seja, os alunos não precisam pagar para realizarem o treinamento funcional. A ideia é fazer com que o projeto cresça e Artur já vem trabalhando para tal. Alguns outros professores estão sendo capacitados para aplicar o Treinamento Funcional Core 360º montado especificamente para cada deficiente físico, buscando as maiores limitações diárias e objetivando aprimorar estes movimentos e a sustentação de seu corpo.
Segundo dados do IBGE de 2000, no Brasil existem mais de 1 milhão de pessoas que são portadoras de alguma deficiência física. O treinamento funcional proporciona a estas pessoas ampliarem seus movimentos e driblarem, de certa forma, a falta de acessibilidade que é uma realidade brasileira. Segundo Artur, “o treinamento funcional, se elaborado para ser específico, serve para qualquer pessoa e é claro que isto inclui deficientes físicos”.
Trabalhando o corpo de forma específica, o treinamento funcional proporciona força de sustentação e dá relativa mobilidade e independência a quem, até este momento, sempre dependeu de alguém para tudo.
Veja o vídeo abaixo, que mostra um pouco dos treinos de cadeirantes, na academia Saúde em Evidência.
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