quinta-feira, 18 de novembro de 2010

HISTÓRIA DE QUEM NÃO SE ENTREGA - SUPERAÇÃO

O MUNDO DA USINAGEM

Superação à toda prova

Ágil e pró-ativa, Kênia Maria Pottes percorre diariamente os longos e largos corredores do hospital paulistano Beneficência Portuguesa. Com 1,23 metro de altura, a enfermeira de um dos mais importantes hospitais do País já se acostumou com a árdua rotina diária de trabalho. “A superação nada mais é do que aprender a lidar com as dificuldades, imprevistos e adaptações cotidianas”, acredita a enfermeira.
Enfermeira Kênia Pottes (à esq.), seu marido Hélio e sua fi lha Maria Rita lutam pela igualdade dos anões na sociedade
Kênia é a sexta filha de um casal de estatura alta e nenhum de seus irmãos possui nanismo. A enfermeira é portadora de acondroplasia, um dos tipos de nanismo caracterizado pelo encurtamento de membros, como pernas e braços.
Para a maior parte dos anões, as principais dificuldades chegam durante a adolescência. “Se não contarmos com uma base familiar sólida, não estaremos preparados para enfrentar as dificuldades futuras”, adverte.
“Superação é aprender a lidar com as dificuldades e adaptações cotidianas" (Kênia Pottes, anã)
Com quase 30 anos de profissão, Kênia acredita que alcançar um cargo renomado requer muita competência e dedicação. “Costumo dizer que, além de mostrar que possuímos conhecimento para executar tarefas difíceis, precisamos provar que podemos concorrer profissionalmente com pessoas sem deficiência física”, indica. “Lembro-me que, por muitas vezes, para realizar o atendimento ao paciente precisei subir na escadinha ao lado da cama, porque os leitos são muito altos”.
Segundo ela, a princípio é comum notar algum tipo de preconceito. Mas, adotando uma postura profissional, os pacientes não demoram a depositar confiança na pessoa que há por traz da deficiência.
Kênia lembra que até 20 anos atrás as pessoas em sua condição eram desencorajadas de lutar pela inclusão no mercado de trabalho, por isso não investiam em educação para conquistar boas colocações nas empresas. Nos dias atuais, a situação é outra. Pessoas com deficiência física e empresas estão cada vez mais empenhadas em buscar informações para o aumento da qualidade profissional.
Kênia vive com seu marido, Hélio Pottes, e sua filha, Maria Rita Pottes, ambos anões. Juntos, reativaram a Associação Gente Pequena do Brasilcom o objetivo de ampliar a troca de experiências entre portadores de nanismo e para orientar pais que têm filhos anões. “Orientamos nossa filha da melhor maneira possível, estimulando valores como competência e igualdade; evitamos minimizar as dificuldades e esperamos que ela se torne uma profissional segura e confiante”, conclui Kênia.
Fabíola Perez
Jornalista

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